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quinta-feira, 19 de junho de 2014

OS PORCOS URBANOS INFESTAM A CIDADE


Um ato que deveria ser corriqueiro foi noticiado como sendo um exemplo extraordinário: a torcida japonesa assistiu ao jogo, curtiu, fez tudo o que um torcedor normal faria e, depois, antes de ir embora, limpou toda  a bagunça que fez.

É o minimo que se espera de alguem que é convidado a participar de uma festa. No final ajuda o anfitrião a limpar a mesa, a casa e a lavar a louça.

É educação de berço. É ensino fundamental. Aluno que sujou a sala de aula limpa-a e depois ainda leva bronca em casa pelo seu mau comportamento.

Não vai ter mãe agressiva querendo agredir o mestre porque mandou o filhotinho pimpão limpar o que sujou, nem especialistas em educação recriminando o ato abusivo do professor. Lá, na terra dos que limpam o que sujam, se o fofinho estragar qualquer coisa na escola, o papais estremosos serão convidados a pagar os estragos. Pagam e não bufam. Talvez por isso as suas escolas não sejam depredadas. Talvez por isso os seus professores não sejam ofendidos nem  agredidos.

É assim em todo o lugar onde educação é prioridade de politica publica. É a apologia da cidadania responsável.  Ninguém é obrigado a conviver com a sujeira dos outros nem esperar que haja algum serviçal à disposição para fazer isso. Assim, quando os fofinhos da mamãe crescerem, não vão virar porcos urbanos

Respeita-se também o que é dos outros e principalmente o que é público porque é de todos e todos merecem respeito.

Infelizmente não é isso que acontece em Ribeirão Preto.

Joga-se lixo por todos os lados. Entulhos nem se fala.



Onde tem uma área vazia ou mesmo um pequeno espaço verde, os porcos urbanos, sempre bem antenados, logo os descobrem e tratam de enchê-lo de lixo e de entulhos, obrigando alguns cidadãos a darem-lhes o recado que merecem, publicamente, conforme fotos acima.

Organizaram-se grupos de trabalho e de estudos, envolvendo universidades, ongs, ambientalistas, empressários, poder publico de todos os níveis, elaborando politicas publicas que nunca são aplicadas, talvez por falta de interesse ou por falta de aplicabilidade ou ambas.

O poder publico não fiscaliza e por isso não orienta nem multa os porcos urbanos, que já foram apelidados de Porcolinos e  que tomaram conta da cidade. Não são muitos mas são muito ativos e ciosos de seus direitos de emporcalhar a cidade.

E o poder público, pela sua leniência e desinteresse com a cidade principalmente nas áreas de periferia que não afeta os olhares sensíveis das elites que mandam e desmandam nesta cidade, fica totalmente apático. Algumas vezes ele mesmo é o agente emporcalhador.

Vamos dar um exemplo:

Obra da CDHU na av. dos Andradas para refazer o sistema de drenagem das águas pluviais. Foram feitas escavações e trocas de solo. Onde foram jogados os residuos? Ao lado e em cima do interceptor de esgotos, na vila Guiomar, margem esquerda do ribeirão  Preto. Mais especificamente na R. Raphael de Leo, entre a R. Joaquim Franscisco Galeano e a av. Luzitana.

Onde deveria – e é obrigatório por lei municipal – proceder-se a uma destinação adequada dos solos descartados, tivemos apenas um bota-fora numa obra fiscalizada por uma empresa estatal do governo do estado (CDHU) e com a omissão da entidade responsável pela cidade: a prefeitura municipal!


Como não podia deixar de ser, logo os Porcolinos começaram a lançar os seus lixos e entulhos. Alguns moradores, desconhecendo os “direitos inalienáveis dos Porcolinos de emporcalharem a cidade”, reclamaram aos proprios e foram ameaçados. Uma vez com um facão, em outra oportunidade com tentativa de agressão fisica que requereu contenção mas sempre com agressão e ameaça verbais.

É assim que Ribeirão trata a sua propria cidade. Enquanto os visitantes limpam o que sujam, alguns naturais aproveitam e sujam a sua propria cidade e ainda se arrogam ao direito de fazê-lo, principalmente em áreas públicas que são de ninguém. E sem medo de nada porque sabem que nada lhes acontecerá nem mesmo uma multazinha.

E a prefeitura?

A prefeitura representa as “elites” locais. Os franceses da seleção da copa estão aí. O puxasaquismo dessas elites foi tão evidente e ridicula que os jornalistas franceses, no jornal Le Monde referem-se a elas como “Uma grande elite burguesa provinciana, industrializada e de negócios" (http://folha.com/no1470514)

Com uma prefeitura dessas,  junto com essas “elites provincianas e burguesas”, somando-se a desintegração programada e bem executada das ações da sociedade civil que perdeu todo o seu vigor, deixando-se domesticar, não é de se admirar que a cidade esteja no caos em que se encontra.

Os cidadãos que não moram nas áreas nobres estão completamente indefesos e à mercê dos porcolinos. E não só deles.

Precisamos fazer alguma coisa porque 2016 ainda está longe.