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domingo, 13 de abril de 2014

Atingidos pelo Aeroporto Leite Lopes: Pesquisa na rua


Sábado de pesquisa na rua.

Diante da alteração na lei de uso, ocupação e parcelamento do solo e de intenções da Prefeita Dárcy Vera em ampliar o Aeroporto Leite Lopes de Ribeirão Preto, fomos para rua conversar com os moradores que moram próximos ou dentro da área que servirá para fazer a ampliação do aeroporto e que foi alterada pela última revisão aplicada na lei municipal de uso, ocupação e parcelamento do solo.

O objetivo da pesquisa era saber se os moradores da área tem conhecimento de como a ampliação do aeroporto pretende ser feita e atingirá diretamente suas vidas, e saber se eles tem conhecimento de que o lugar em que moram passou a ser de uso misto (residencial e comercial) para uso estritamente industrial.

A pesquisa que elaboramos fez as seguintes perguntas aos moradores;

- nome;
- endereço;
- você reside dentro da área que mostra o mapa? Se sim, há quanto tempo?;  
- pelo seu conhecimento seu bairro é para qual uso? (residencial, comercial, misto);
- em relação à ampliação do aeroporto você é a favor, contra, indiferente?;
- você conhece a lei complementar 2502/2012 que torna estritamente industrial a área?;
- você acha que esta lei pode ajudar, prejudicar ou é indiferente?;
- você acha que o aeroporto internacional deve ser feito nesta área, em outra área ou é indiferente?

Novas ações de rua para a pesquisa serão feitas porque temos conhecimento de que a situação é delicada e precisa ser muito bem estudada, esclarecida e debatida com a sociedade.

Neste momento não há condições legais, sociais, ambientais, urbanas e técnicas que permitam a ampliação do aeroporto Leite Lopes, fazendo-se necessário, então, a construção de um novo aeroporto em outra área de Ribeirão Preto ou de cidades próximas.

Nem os estudos de impacto ambiental (EIA) e do risco de impacto ao meio ambiente (RIMA) foram feitos ainda, e, por determinação legal, nenhuma ampliação na estrutura atual do aeroporto LL pode ser feita sem esses estudos. Portanto, como esses estudos ainda não existem qualquer ampliação que se avise, é, além de falaciosa, proibida, impossível, inviável e contraproducente.

Mas muita gente, infelizmente, ainda desconhece essas condições que impossibilitam a ampliação. Por isso é tão necessário e salutar essa iniciativa.


Raquel Montero








O PARQUE PERMANENTE DE EXPOSIÇÕES, os EVENTOS PUTZ e a POLITIQUICE

EVENTO PUTZ – aqui é empregado com o mesmo sentido no artigo de Arnaldo Jabor e que pode ser resumido na capacidade de meia dúzia de sem-noção serem explorados por empresários espertos que promovem eventos, com grave  perturbação do sossego das comunidades do entorno e  com o beneplácito do poder público.

Aquilo que acontecia nos meandros do judiciário saiu a público. O Ministério Público acionou a CODERP[i] com uma Ação Civil Pública  na sua condição de administradora do Parque Permanente de Exposições (onde não existe nenhuma exposição!).

No dia 09/04/2014 o MP junto com a vigilância sanitária estadual e a municipal, fizeram uma vistoria no Parque[ii]. É “um descalabro” a situação do Parque, totalmente abandonado pelo poder público e em reportagem na TV[iii] ficou constatado algo de muito pior: o Parque Permanente de Exposições  (onde não existe nenhuma exposição!) está mesmo é detonado.



Só mesmo sem-noção podem pagar os preços dos tais eventos culturais do PUTZ e conviver com todo este estado de manutenção de sanitários e do lixo por todo o lado. Talvez estejam bem chapados ou  alienados para conviverem com isso e terem coragem de voltarem para o próximo.

Provavelmente não só pelo abandono mas também pelo seu mau uso, conforme o promotor avalia, ressaltando o desvio de finalidade do parque, com a realização de festas particulares com o agravante de que “este é um espaço público que não dá retorno algum para a comunidade”.

Essas festas particulares são aquelas em que toda a comunidade do entorno fica sem dormir por causa do ruído excessivo que dura a noite toda. Como a frequência é de classe média e os atingidos são os pobres, é possível que possamos considerar esse abuso como sendo um conflito de classe.

Ganha o showbiz, os negócios paralelos e outros tipos de negócios (como talvez o narconegócio) que conseguem garantir quer um monte de adolescentes sem-noção possam ficar pulando a noite toda como cabritos.

Ninguém consegue fazer isso sem uns estimuladores muito específicos.

Diversas denúncias foram feitas ao Ministério Público através de entidades e organizações da sociedade civil, dentre elas o Movimento Pro Moradia e Cidadania e o Movimento Pro Novo Aeroporto e todas foram confirmadas por laudos técnicos elaborados pela CETESB.

E qual o valor cobrado pelo Parque para que esses empresários possam arrecadar um gordo lucro, perturbando o sossego dos trabalhadores que moram no entorno (para eles e para a administração municipal, pobre é um quase-gente, e que por isso não tem muitos direitos) perante a fuçanguice pelo lucro?

Simplesmente uma merreca! E ainda deixam todo o espaço detonado, conforme a reportagem na TV mostrou.

Todo esse desenrolar da Ação Civil Pública e a constatação do fato de abandono e deterioração do Parque mostraram o total menosprezo da administração municipal com os seus próprios e a qualidade de vida da população quando se trata de garantir os bons negócios.

E o partido político que, dizem, é o dono da CODERP tenta resolver todo esse imbróglio devolvendo a gerência do Parque para a administração municipal.

Um pequeno parêntesis:

Importante ressaltar que o Conselho Municipal da Moradia também está no domínio desse mesmo partido que  até agora não deixou fazer nada para resolver ou implantar políticas publicas para a moradia popular. Seria bom que esse partido político também abdicasse do “comando” desse conselho e o devolvesse ao seu legitimo dono: a Sociedade Civil.

Voltando ao tema central:

Imaginam qual foi o comentário da administração municipal para a devolução do gerenciamento do Parque de Exposições (aquele que não realiza nenhuma exposição!)?




A preocupação com os shows é assunto dos empreendedores do showbiz e não deveria ser prioritária para o governo municipal mas sim o bem estar da população que fica submetida a uma crueldade decibélica.

Com essa confissão fica muito clara qual é a posição da atual administração pública: gerar negócios!

Mas essa “negocite aguda” ainda está infectando as iniciativas da administração publica porque já está agendada o tal Ribeirão Rodeo Music desde o dia 26 deste mês até ao dia 3 de Maio, no qual, além de azucrinar a vida dos moradores do entorno, ainda vão apertar “os treco” dos bois e cavalos provocando dor para que eles pulem para alegria dos felizes alienados apreciadores do sofrimento animal.

No final do mês de março, os moradores do entorno já tiveram o presente do PUTZ do Carnabeirão.

Aqui é importante relembrar que inicialmente esse tal “evento cultural” era realizado em vias nobres da cidade, situadas na Zona Sul. Os moradores – a parcela da classe média que não participava dessa festança cultural, é claro – reclamaram e expulsaram esse “evento cultural” para o Parque de Exposições.

Para onde? Para perto dos bairros de trabalhadores. Qual o prejuízo? Parafraseando certo programa humorístico, pobre é quase gente. Então pode ser perturbado que não tem problema.

Mas logo mais o judiciário resolve esse problema e nós também, nas próximas eleições.





[i]  CODERP Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto
[ii] Jornal A Cidade de 10/04/2014
[iii]http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2014/04/mp-notifica-coderp-por-problemas-no-parque-de-exposicoes-de-ribeirao.html