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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Favela do Brejo - PM cumpre mandado de desocupação e 238 famílias vão para apartamentos

PM cumpre mandado de desocupação e 238 famílias vão para apartamentos
Jornal A Cidade - Domingo, 31 de Julho de 2011
Moradores invadiram área de preservação no início da década de 60 e sempre foram vítimas das enchentes
Wesley Alcântara

Sem qualquer tipo de problema, a Polícia Militar (PM) cumpriu neste sábado (30) o mandado de desocupação e demolição dos barracos de três favelas erguidas em uma APP (Área de Preservação Permanente) às margens do córrego Tanquinho, na zona Norte de Ribeirão Preto. As 238 famílias foram levadas para os apartamentos do condomínio José Wilson Toni, no Jardim Paiva, construídos pelo 'Programa Minha Casa, Minha Vida'. A mudança dos moradores das favelas do Brejo, Elisa e Vila Zanetti termina sábado à tarde.
O secretário da Casa Civil, Luchesi Junior, disse que a desocupação da área invadida começou por volta das 6h. "Chegamos ao local e muitas famílias aguardavam pelos caminhões da prefeitura. Não houve qualquer impasse, já que os moradores haviam assinado toda a documentação na sexta-feira (29) para receber os apartamentos. Trabalhamos com essas famílias há um ano", diz.
Os moradores invadiram a área de preservação no início da década de 60 e sempre foram vítimas das enchentes no Verão, estação marcada com chuvas fortes no período de dezembro a março.
Do número total de famílias beneficiadas com um apartamento, 47 são da Favela Zanetti e outras 45 da Favela da Vila Elisa, que serão extintas. O programa municipal de desfavelamento contemplou 146 famílias da Favela do Brejo, onde 20 ainda vão permanecer no local. Elas moram a mais de 30 metros das margens do córrego e serão transferidas depois.
Para viabilizar a mudança, a prefeitura disponibilizou 35 caminhões de várias secretarias. Ao menos 100 homens foram contratados pela administração municipal para ajudar as famílias na retirada dos bens.
Sem resistência
O relações públicas da PM, tenente Antônio Gustavo Campos Rivoiro, afirma que 80 policiais militares foram mobilizados hoje para dar segurança aos oficiais de Justiça para o cumprimento do mandado de desocupação e demolição. A liminar foi concedida há 13 dias pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão, Júlio César Spoladore Domingues, o mesmo que determinou a desocupação da Favela da Família, no dia 5 deste mês. Na ocasião, houve confronto dos moradores com a Tropa de Choque. "Estamos apenas no entorno das favelas por questão de segurança. São policiais da cavalaria, do canil, além da Força Tática e Rocam", diz.
Demolição
A demolição dos primeiros barracos começou às 7h55. Muitos moradores acompanharam de longe a entrada dos tratores na área e ficaram emocionados. A desempregada Regina da Silva, 43 anos, que morava com os cinco filhos na Favela do Brejo, foi uma que não conteve as lágrimas. "Meus filhos terão agora um local digno para morar. Não vamos ver mais pela janela o nível da água do córrego subir e com medo de perder as coisas", disse. Antes de ir para a favela há oito meses e conquistar o apartamento, Regina conta que dormia com os filhos nas praças de Ribeirão. "Eu não permanecia dois dias no mesmo local para driblar o Conselho Tutelar, porque tinha medo de perder os meus filhos", lembra.
A viúva Apparecida Nazario da Silva, 73, morava na favela há 15 anos e dizia estar feliz com o novo lar. "Não vejo a hora de chega em casa para tomar um banho quente." Ela recebe benefício de R$ 480,0 da Previdência Social e pagará R$ 50,00 de prestação do imóvel.
No primeiro dia de remoção das famílias, o Centro de Controle de Zoonoses previa recolher ao menos 100 animais, entre cães e gatos. Os bichos seriam levados para canil e depois disponibilizados para adoção.
Assistência
A secretária de Assistência Social, Maria Sodré, disse que as famílias contempladas com os apartamentos no Wilson Toni foram trabalhadas há um ano pelos assistentes sociais. "Vamos acompanha-las ainda, porque será necessário educá-las na questão sobre desperdício de água, energia, além de outros fatores envolvendo o orçamento doméstico", diz.
Para recuperar a APP (Área de Preservação Permanente), a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, desenvolve projeto para o plantio de árvores de espécie nativa nos próximos meses, depois da remoção dos escombros dos barracos.








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