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sábado, 17 de agosto de 2013

Investimento social em moradia sem qualidade

                                    Conjunto CDHU- Ribeirão Preto I e J
                                        “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento” !!!


As obras destinadas à produção de moradia de interesse social tem apresentado vícios e falhas construtivas causando transtornos aos novos moradores que tanto sonham por uma “casa própria”.

Em que pese as facilidades de acesso a moradia, com grandes subsídios para atendimento na Faixa 1 (até R$ 1.600,00 de renda familiar), os interesses econômicos na produção das moradias tem ocasionado a baixa qualidade construtiva desses empreendimentos.

A ausência de participação dos próprios interessados, futuros moradores, nos processos de produção da moradia (definição de local, projetos, seleção de beneficiados e até acompanhamento de obra), transforma o projeto de natureza social em projeto mercantil.

Recentemente em Ribeirão Preto-SP, 132 famílias da comunidade Vila Brasil atingidas pelo processo de desfavelamento que visa a ampliação da área patrimonial do Aeroporto Leite Lopes, passam pelo tormento de serem deslocadas para apartamentos sem condições de segurança e habitabilidade.

As obras foram feitas com recursos federais do programa Minha Casa Minha Vida através da CDHU- Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.

Os tormentos iniciaram quando receberam as chaves dos imóveis no mesmo dia da mudança, sem uma prévia vistoria dos apartamentos.  Sequer tiveram condições de fazer uma limpeza básica para colocação dos móveis.

Os problemas verificados na ocupação dos imóveis são falhas construtivas como vazamentos de água, curto-circuito com queima de fiação,  falta de gás nas tubulações por entupimentos, canaletas de águas pluviais expostas sem proteção, etc.

O Centro Comunitário destinado para reuniões de moradores encontra-se alagado com vazamentos há mais de 20 (vinte dias) comprometendo a própria estrutura do prédio.

Várias famílias tiveram prejuízos com perda  de móveis e utensílios elétricos comprados para a “casa nova”.

Por outro lado os responsáveis pela obra, entenda-se  CDHU,  construtora, CEF e Prefeitura Municipal demoram  em tomar atitudes para sanar os problemas.

Evidencia-se que não houve uma vistoria técnica para entrega e recebimento das obras contratadas com os devidos testes recomendados por normas da ABNT.



Torna-se urgente a mobilização de comunidades a serem beneficiadas por moradia para um efetivo acompanhamento dos programas habitacionais através de representação nos movimentos sociais, conselhos de moradia, Defensoria e Promotoria Pública para que os direitos cidadãos de moradia digna  possam ser assegurados.

(ver matéria divulgada pela TV-Clube Ribeirão sobre o assunto em:
http://www.jornaldaclube.com.br/videos/10268/moradores-dos-pr%C3%89dios-da-cdhu-convivem-com-falta-de-estrutura-dos

Mauro de Castro Freitas
Arquiteto e urbanista

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