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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

a insana aventura do trem-bala

Fórum dos Leitores O Estado de S.Paulo
 14 de agosto de 2013 | 2h 14
UMA AVENTURA

Em 4/7/2011, no “Estadão”, foi dito que o “trem-bala do Brasil será deficitário”, segundo Zhao Jian, professor da Universidade de Transportes da China. Evidente é que empresa decente nunca investe em aventuras que resultem em prejuízos, a não ser por razões desconhecidas. Conhecendo o desenrolar dos “negócios” públicos neste nosso Brasil, é possível que os R$ 38 bilhões previstos de gastos ultrapassem R$ 100 bilhões! Chega de jogarem nosso dinheiro suado no lixo, chega de alimentar os corruptos lesa- Pátria, chega de circo com Copa e Olimpíada, chega de projetos megalomaníacos irracionais como este TAV e a transposição de águas do Rio São Francisco, chega de projetos inadequados, improvisados, falhos como os de usinas hidrelétricas e outros. Chega de demagogia eleitoreira torrando em propaganda R$ 16 bilhões, que poderiam ser direcionados às áreas de educação, saúde, saneamento, infra-estrutura e outras. Chega de corrupção, casuísmos, oportunismos e clientelismo!  Voltemos a planejar com critério e sabedoria a médio e a longo prazos. Nós passamos, o Brasil fica! Não acabemos com ele!

JORGE DE AZEVEDO PIRES*
jorpires@uol.com.br
Ribeirão Preto  Fórum dos Leitores O Estado de S.Paulo 11/01/2011GOVERNO DILMA
Trem-balaApenas adiar o leilão da construção do trem-bala, ou trem de alta velocidade (TAV), não é a solução. O TAV, tanto na Europa como nos EUA, é uma sofisticação caríssima de transporte para passageiros, lembrando terem eles redes de ferrovias funcionando a contento, tanto para passageiros como para carga. O Brasil sucatou toda a malha ferroviária que já teve, hoje transformada em escombros pela incúria e pela miopia governamentais. As rodovias, salvo algumas exceções, estão abandonadas, onerando o custo Brasil. As hidrovias não saem do papel. O transporte aéreo, neste país de dimensões continentais, é o retrato do caos sem fim instalado. E nada se fala sobre a integração inter-modal dos meios de transporte. Nas cidades, os metrôs têm ridícula extensão - a cidade de São Paulo deveria ter, dadas as suas dimensões, pelo menos 400 km de linhas, entretanto, em mais de 40 anos só construiu pouco mais de 60 km. Os portos estão abandonados. Enfim, toda a infra-estrutura do País é insuficiente e obsoleta. Hospitais caindo aos pedaços, escolas idem e não preparadas para enfrentar os desafios da atualidade. A violência nas cidades tem dimensões de guerra urbana. E o País é pródigo em relação a outros, para os quais não faltam doações e financiamentos. É justo, com tantos problemas de toda ordem, despendermos a dinheirama de montante desconhecido no trem-bala? Isso é ético? E a Copa do Mundo e a Olimpíada são prioridades, são oportunas mesmo diante de todas as atuais circunstâncias? Mesmo tendo uma dívida interna monstruosa, os gastos mal direcionados e mal aplicados não têm fim. Provavelmente estaremos diante de grandes negociatas, talvez as maiores do século 21, favorecendo poucos e prejudicando milhões de habitantes. É com convicção que afirmo estarmos diante de bombas de efeito retardado que começarão a explodir, tanto de natureza econômica como social - que é o pior. Com meus 80 anos de existência, nunca imaginei estar diante de um Brasil tão traído e violentado. Acordemos antes que seja tarde demais.
JORGE DE AZEVEDO PIRES*
jorpires@uol.com.br
Ribeirão Preto * Autor do livro “Pensando Ribeirão Preto – ontem, hoje e amanhã” – edição do autor – Ribeirão Preto – 2011.

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