Páginas

domingo, 1 de julho de 2012

Violência praticada contra a Comunidade Favela da Família

Vinícius Barros vmbarros85@gmail.com

1 ano da reintegração de posse na Favela da Família

Há exatos 12 meses um acontecimento abalou Ribeirão Preto trazendo dor e medo a algumas famílias locais. Naquela ocasião, o Poder Público pouco fez para ajudar as pessoas que viriam a passar por momentos de angústia e sensação de impotência, frente a truculência do aparato militar do Estado.
 Você sabe do que estamos falando? Muitos nunca souberam do acontecimento, outros já esqueceram devido ao excesso de informações a que somos submetidos. No dia 5 de julho de 2011 ocorreu uma reintegração de posse em Ribeirão Preto fazendo com que dezenas de famílias, que já viviam em condições sub-humanas, passassem a ter a rua como o seu lar.
O episódio Favela da Família, do qual estamos tratando, ocorreu pela incapacidade do governo Dárcy Vera em negociar uma moradia digna para essas pessoas. O episódio vem compor um cenário de extrema desigualdade social, do qual nós, ribeirãopretanos, infelizmente fazemos parte.
No dia 5 de julho de 2011 a polícia militar chegou até mesmo a dar uma chance aos moradores, que por sua vez solicitavam a presença de um representante da prefeitura, mas foi em vão. Nenhum representante foi enviado ao local para convencer os moradores de que não deviam resistir ao despejo, muito menos para oferecer uma saída, uma moradia digna.
Enfim, a Polícia Militar, numa ação de terrível violência, expulsou do terreno, com balas de borracha e bombas, senhores, senhoras, adultos e crianças de todas as idades. Você pode se perguntar: Por que botar na rua violentamente famílias que vivem em estado precário sem oferecer uma saída? O que podemos, infelizmente, constatar é que na zona norte de Ribeirão Preto os interesses de ampliação do aeroporto são mais importantes que a dignidade humana.
Esta data serve para rememorarmos o fato e para refletirmos sobre a cidade que queremos. Nossos lamentos!
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=jgTN7mpPZeA


Até onde vai a democracia?

Em tempos onde movimentos sociais, culturais e políticos são formados e articulados a partir da internet, o que vemos são ações cada vez mais desesperadas de governantes visando reprimir e esconder as posições contrárias. A sociedade civil tem se organizado dentro das redes sociais virtuais para denunciar sistematicamente os deslizes e falcatruas de políticos que, por sua vez, as utilizam para propagar uma imagem de democratas e benfeitores.

Em Ribeirão Preto não é diferente. Desde a formação do Movimento Panelaço, que nasceu no âmbito virtual do Facebook, constantes e contundentes críticas têm sido feitas aos poderosos locais a partir de cidadãos e cidadãs mais dispostos a participar da política. Estas críticas, quando não ignoradas, tem sido um grande incômodo àqueles que vivem única e exclusivamente para a manutenção de seu poder político sobre a sociedade, muitas vezes amorfa.

Em notícia recente, veiculou-se a informação de que a atual prefeita, Darcy Vera, reuniu um “exército” de 400 internautas para vigiar as redes sociais contra possíveis críticas à sua imagem e governo. Essas ações vêm ocorrendo e já se podem perceber atos de repressão aos discursos de oposição ao executivo local. 
Recentemente, por causa de uma charge virtual que mostrava a prefeita deitada sobre lixo, como forma de questionar seus vetos aos avanços na Lei de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana, o perfil virtual de uma integrante do Movimento saiu do ar por algumas horas. Esse curioso fato de cunho repressivo ocorreu dias depois da notícia que denunciava a ação de contratar 400 “capangas virtuais”. Detalhe: não se sabe, até hoje, com que dinheiro estes servidores da prefeita são remunerados.

A semelhança com os tempos da ditadura, onde pessoas sumiam fisicamente para serem torturadas em porões por ações subversivas, não é mera coincidência. Aqui a diferença é que não se tortura, mas igualmente se tenta calar, reprimir a opinião. A repressão virtual não chega aos pés das atrocidades cometidas pelos militares e organizações empresariais no período da ditadura, porém nos serve como parâmetro para jamais aceitar a perseguição política, seja ela qual e onde for.

Outro acontecimento ocorreu durante um diálogo na página pessoal da própria prefeita, onde se tentava legitimamente argumentar contra ela, novamente sobre a questão do lixo. Após ser taxativamente questionada, com base na própria Lei, sua resposta foi a exclusão dos perfis opositores de sua página. Pronto! Assim seu espaço virtual voltava a ser o lugar dos costumeiros bajuladores prontos a compartilhar na rede as suas boas ações.

No diálogo dentro de uma rede social como o Facebook, o sujeito é obrigado a ceder o direito de resposta pelo sistema de comentários. No entanto, para quem já teve a infeliz experiência de ser interlocutor de um político profissional, sabe que, não raro, a retórica avassaladora deste derruba qualquer possibilidade de um argumento contrário cumprir seu objetivo. Os espaços sociais virtuais colocam em pé de igualdade as pessoas e fragilizam as relações de poder na interlocução, daí a repressão.

A pergunta, portanto, é: até onde vai a democracia? Se essas figuras, que se dizem públicas e adoram se promover também na  internet, não aceitam os questionamentos de cidadãs e cidadãos munidos de conhecimento de causa, é porque há medo. E quando há medo de derrota na política hegemônica é muito comum tentar suprimir o direito do outro à verdade, limitando a liberdade de expressão e diálogo com o poder instituído. São lições que vem do passado.

Abraços
--
Vinícius Barros
(16) 9175-1001

Nenhum comentário:

Postar um comentário