Artigo
publicado hoje, 28/04/15 no jornal Tribuna
O
que não é ocupado de uma forma, é ocupado de outra. Para o que não se atribui
função útil, inútil ficará. O que não se faz produzir, improdutivo será.
Assim
aconteceu com a Casa Amarela. Casarão pertencente à antiga área
da Fazenda Baixadão, localizada na zona oeste de Ribeirão Preto, ao
lado da área verde, também abandonada pela Administração Pública e que o
Governo Dárcy Vera denominou de Parque Rubem Cione, no bairro Mário
Paiva Arantes.
Ambas
as áreas, Casa Amarela e Parque Rubem Cione, pertencentes ao mesmo
complexo, poderiam estar, há tempos, proporcionando atividades culturais,
esportivas e de lazer para várias comunidades de vários bairros da região oeste
de Ribeirão. Seriam milhares de pessoas atendidas naquela região, e, por
conseguinte, mais pontos de lazer, esporte e cultura ofertados pela cidade aos seus
moradores.
Mas
não, o Governo não agiu naquela área e o que ficou foi o abandono. Do abandono
veio a depredação, dilapidação, negação de direitos, mais pessoas deixando de
ter mais uma área na cidade para usufruir de cultura, esporte, lazer, meio ambiente.
E da
persistência do abandono e da inação do Governo em dar função produtiva e
social às áreas, vieram também as reivindicações. Moradores da região
protocolaram diversos pedidos de providências para a Casa
Amarela. Fizeram manifestações e mostraram a preocupação que o próprio
Governo não demonstrou.
Foram
feitas várias reivindicações e vários protestos para reivindicar a
revitalização da Casa Amarela, que estava incluída, desde 2011, no
programa Governo nos Bairros, criado pelo atual Governo em 2010.
A
revitalização prometida dentro do programa Governo nos
Bairros deveria ter sido executada em 2012, porém, até agora, não foi, e
não há nenhum sinal de seu, sequer, início. Pelo Programa, um milhão deveria
ter sido investido naquela região.
E a
continuidade do abandono da área por parte do Governo, levou também a um
incêndio da Casa Amarela. Teto, assoalhos, portas e janelas de
madeira do prédio antigo da Fazenda Baixadão, jazem como carvão. Só
ficaram as paredes, agora de cor cinza, para lembrar que ali, em algum tempo, o
prédio estava a disposição para ser utilizado com muitos benefícios para
milhares de pessoas, servindo ainda para integrar mais um patrimônio público da
cidade.
Qual
crime é maior; abandonar ou incendiar? Se o incêndio foi criminoso ou não,
compete à Polícia Civil descobrir, mas, já sabemos que, concomitantemente à
natureza criminal ou não do ato, está a culpa indisfarçável do Governo
municipal, que, através de sua inação em revitalizar a área, contribuiu
indubitavelmente para a o incêndio do prédio, porque se ocupado de maneira útil
estivesse, estaria com pessoas o utilizando e se beneficiando das diversas
atividades culturais, esportivas e de lazer que a área tem potencialidade para
proporcionar.
Estaria assim, com a Guarda Municipal cuidando do patrimônio
público e, principalmente, com energia de vida produtiva na área, que cria
outra atmosfera e atraí outras sintonias. É a energia criadora que inspira e
constrói, ao contrário da energia do abandono, que destrói e perverte.
Mas,
contudo, se houver vontade política, podemos dar uma guinada nessa situação.
Com vontade real, tudo é possível de ser transformado. O incêndio que destruiu
a estrutura material, não conseguiu destruir a causa, que, imaterializada,
consegue, também por isso, ser mais forte e indestrutível.
A
causa relativa a conseguir a revitalização da Casa Amarela, continua,
e agora, com mais provas concretas do prejuízo que o abandono do Governo pode
causar à coletividade e como se faz imprescindível combater este abandono por
parte de cada um de nós.
Raquel
Montero
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