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sábado, 18 de agosto de 2012

Encaminhamentos

Raquel Bencsik Montero raquelbencsik@ig.com.br
Blindagem para a CODERP
Ontem, 16/08/2012, na sessão da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, em pauta a votação para criação de uma Comissão Especial de Estudo (CEE) destinada a estudar a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (CODERP).
Há incoerências que estão sendo apontadas nos trabalhos da CODERP, razão pela qual justificou-se sua criação.
É certo que a CEE não é imprescindível para se apurar irregularidades na CODERP, tendo em vista que uma simples notificação com prazo para cumprimento, conforme estabelece a Lei nº 12.527/2011, feita por qualquer um dos vereadores, pode comprometer não só a CODERP mas todos as pessoas porventura envolvidas em eventuais irregularidades encontradas, responsabilizando-as por improbidade administrativa e crime de responsabilidade e acaso a notificação não seja respondida a improbidade administrativa e o crime de responsabilidade já ficam caracterizados, restando ao Ministério Público denunciá-los ao Judiciário para aplicação das penalidades cabíveis.
Sendo assim, por que os vereadores não fazem essa simples notificação e diante da ausência de resposta, denunciam ao Ministério Público para responsabilizar eventuais infratores?
Estranho a ausência dessa atitude...
Se por um lado isso é estranho, por outro também é estranho o fato da CEE não ter sido aprovada pelos vereadores que compõem a base de apoio da Prefeita Darcy Vera, que, por sua vez, são a maioria na Câmara.
Se pregam tanto a transparência e moralidade, por que votaram contra a CEE numa situação que nada mais pede que transparência, ou seja, a CEE seria criada justamente para esclarecer os atos obscuros da CODERP?
Quais são e quantos são os comissionados da CODERP? Por que as incompatibilidades encontradas nos serviços da CODERP em relação à outros serviços idênticos oferecidos por outras empresas? Por que tanto dinheiro público destinado a CODERP em detrimento de outras destinações, tais como para a saúde, educação, etc?
O que acontece dentro da CODERP criou um câncer em Ribeirão?
Essas perguntas poderiam ter sido respondidas pela CODERP, pela Prefeitura e pelos vereadores, inclusive os vereadores que votaram a favor da CEE, eis que, como dito, com uma simples notificação poderiam requisitar as perguntas que entendem necessárias e diante da ausência responsabilizar criminalmente e por improbidade administrativa os recalcitrantes, mas nenhum destes procuraram realmente responder, deixando a população a mercê de alguém ou algum poder que queira realmente investigar para responder.
Essa é a situação com que nos deparamos há menos de dois meses das eleições municipais. Essa é a resposta que os atuais representantes populares dão aos seus representados.
Pense nisso eleitor.
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Raquel Bencsik Montero raquelbencsik@ig.com.br
Pela libertação dos pássaros presos em gaiolas
Pássaro voa,
asas a natureza te deu,
te deu para voar
e não para te engaiolar.
Pássaro voa
que há tanta imensidão
e privá-lo de conhecê-la,
é condenação.

Pássaro voa
e mostra toda tua exuberância,
rodopia,
dança no vento,
toma banho na chuva,
bica a pipa,
compete com o avião,
come semente misturada com grão.
Viaja sob tuas asas,
do sul até o sertão,
sem pagar frete nem poluir a nação.

Pássaro voa
e canta a alegria de viver livre,
podendo escolher onde queres dormir, parar, observar, amar, voar.
Mostra que livre manifesta teu canto e na gaiola teu canto virá lamento,
grito de socorro,
choro de teu sofrimento.

Pássaro voa
e tenta escapar da gaiola que te aprisiona,
que te mutila as asas,
que te condena à solidão,
na mais fúnebre prisão
que nem ao menos te permite bicar o chão,
chão que tão longe estás,
assim como longe está o céu de sentir as batidas de teu coração
que na gaiola já não bate porque perdeu a emoção.

Pássaro voa
e salva teus amigos das gaiolas
que lhes roubam as almas
e as comercializa para os homens sem compaixão,
que não enxergam o encanto de te ver voar livre
e cantar as letras que abriga teu coração.

Pássaro voa
e mostra aos seres de bom coração
para lutar pela libertação
de todas as formas de opressão
que dilacera os sentimentos,
corrói os sonhos,
entristece os pensamentos
e aniquila com a essência da criação,
que te fez pássaro e não vegetação.
Pássaro voa
e ensina que tua vida é da natureza
que te gera, te cria, te protege
na mais sábia harmonia
sem nunca te aprisionar nem impor carta de alforria.
Ensina que sabe viver sem precisar do alpiste humano
que te impede de trabalhar
no falso argumento
que faz isso por te amar.
Ensina que o humano que te ama abre a gaiola para você voar
e viver a vida com a liberdade que as asas de teu corpo
foram feitas para desfrutar.
Pássaro voa
Ensina que aquele que te mantém preso,
preso também estána ilusão de que se consegue engaiolar um coração
quando na verdade o que se tem
é um corpo em destruição.
Ensina que para te ouvir cantar não precisam te prender,
basta uma árvore plantar ou o céu observar,
e assim, teu canto não será lamento
mas expressão do teu contentamento
pela liberdade que respeitaram
que fosse vivida como anseia teu sentimento.

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Blog do Sakamoto
18/08/2012 - 5:00
Os alimentos que estão em risco de extinção no Brasil
Leonardo Sakamoto
Há cerca de 800 alimentos que correm o risco de sumir do mapa, de entrar em extinção mesmo, como certos animais. Dezenas deles só no Brasil. Xavier Bartaburu, um dos grandes repórteres de nossa geração, conhece o país de ponta a ponta. Agora, ele está visitando comunidades brasileiras onde esses alimentos são produzidos de forma artesanal e sustentável para contar suas histórias. Garantir a preservação deles não é  importante apenas por questões de biodiversidade, mas também porque esses alimentos nos lembram como chegamos até aqui e a nossa identidade.
Pedi para o Xavier um texto para o blog sobre esses alimentos em risco. Segue abaixo.
Coma enquanto é tempo
Deixemos de lado a ararinha-azul, por enquanto, e falemos da cagaita. E também da mangaba, do baru e do berbigão. E de outras dezenas de alimentos brasileiros que, como os bichos, correm igual risco de extinção. Afinal, comida, antes de ser refeição, também é ser vivo. E, como tal, pode sumir do mapa antes mesmo que você saiba de sua existência. Veja a cagaita, fruta do Cerrado aparentada com a pitanga: enquanto ela não chega à sua mesa, os cagaiteiros vão sendo sumariamente derrubados para dar lugar a pasto para o gado e lavouras de soja.
O fato é que existe um patrimônio alimentar, tão valioso como ignorado, que há séculos consiste em fonte de subsistência e identidade para milhares de comunidades tradicionais no Brasil e no mundo. Ou seja, essa população não só mata a fome e extrai renda desses alimentos como, em muitos lugares, faz da sua exploração uma expressão própria de suas tradições culturais. É o caso, por exemplo, das quebradeiras de babaçu do Maranhão, dos pescadores de Pirarucu no baixo Amazonas e dos índios Sateré-Mawé, produtores de guaraná nativo.
Proteger a biodiversidade alimentar seria, assim, uma maneira de também garantir a essas comunidades o acesso aos recursos naturais dos quais dependem. Da mesma forma que, com o devido apoio, as famílias podem estimular a produção e torná-la viável comercialmente – nesse caso, a demanda do mercado ajudaria a preservar o produto. Foi o que aconteceu no sertão baiano, de onde todo ano saem milhares de potes de geleia de umbu para correr o mundo.
Essa, claro, é a parte difícil. Afinal, quem quer saber de umbu num mundo onde quem dita as regras à mesa são o agronegócio e a indústria alimentícia? Não bastasse o desprezo do mercado, os pequenos produtores são ainda obrigados a conviver com a destruição do habitat – como ocorre nos manguezais sergipanos, onde vive o caranguejo aratu –, a dependência dos atravessadores e a falta de estímulo às gerações mais jovens, irremediavelmente impelidas ao êxodo rural.
Por sorte ainda tem quem goste de umbu ou de cagaita, e é desse pessoal que tem vindo o principal incentivo aos pequenos produtores. São, basicamente, chefs e gourmets empenhados em identificar, resgatar e divulgar sabores esquecidos ao redor do mundo. Alguns agem por conta própria, mas muitos estão conectados à Fundação Slow Food para a Biodiversidade, entidade criada há três décadas na Itália e que hoje tem mais de 100 mil associados em 150 países.
Sua bandeira é a chamada ecogastronomia, conceito que alia o prazer de se comer à consciência social e ambiental. Para a Slow Food, a comida, para ser de qualidade, deve também ser socialmente justa e ambientalmente limpa. Uma de suas ações nesse sentido é a criação da Arca do Gosto, uma lista que tem por objetivo divulgar o patrimônio mundial alimentar em vias de extinção.
Todos os produtos aqui citados pertencem à Arca brasileira – são 24 no total. No mundo, a lista ultrapassa os mil itens, da baunilha de Madagascar ao queijo da Transilvânia. A ideia é que, uma vez na Arca, um ingrediente avive o interesse do público e do mercado a ponto de estimular sua produção e, mais adiante, garantir sua presença no planeta. Paladares exigentes agradecem.

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