Um ato que deveria ser corriqueiro foi noticiado como
sendo um exemplo extraordinário: a torcida japonesa assistiu ao jogo, curtiu,
fez tudo o que um torcedor normal faria e, depois, antes de ir embora, limpou
toda a bagunça que fez.
É o minimo que se espera de alguem que é convidado a
participar de uma festa. No final ajuda o anfitrião a limpar a mesa, a casa e a
lavar a louça.
É educação de berço. É ensino fundamental. Aluno que
sujou a sala de aula limpa-a e depois ainda leva bronca em casa pelo seu mau
comportamento.
Não vai ter mãe agressiva querendo agredir o mestre
porque mandou o filhotinho pimpão limpar o que sujou, nem especialistas em
educação recriminando o ato abusivo do professor. Lá, na terra dos que limpam o
que sujam, se o fofinho estragar qualquer coisa na escola, o papais estremosos serão
convidados a pagar os estragos. Pagam e não bufam. Talvez por isso as suas
escolas não sejam depredadas. Talvez por isso os seus professores não sejam
ofendidos nem agredidos.
É assim em todo o lugar onde educação é prioridade de
politica publica. É a apologia da cidadania responsável. Ninguém é obrigado a conviver com a sujeira
dos outros nem esperar que haja algum serviçal à disposição para fazer isso. Assim,
quando os fofinhos da mamãe crescerem, não vão virar porcos urbanos
Respeita-se também o que é dos outros e principalmente
o que é público porque é de todos e todos merecem respeito.
Infelizmente não é isso que acontece em Ribeirão Preto.
Joga-se lixo por todos os lados. Entulhos nem se fala.
Onde tem uma área vazia ou mesmo um pequeno espaço
verde, os porcos urbanos, sempre bem antenados, logo os descobrem e tratam de
enchê-lo de lixo e de entulhos, obrigando alguns cidadãos a darem-lhes o recado
que merecem, publicamente, conforme fotos acima.
Organizaram-se grupos de trabalho e de estudos,
envolvendo universidades, ongs, ambientalistas, empressários, poder publico de
todos os níveis, elaborando politicas publicas que nunca são aplicadas, talvez
por falta de interesse ou por falta de aplicabilidade ou ambas.
O poder publico não fiscaliza e por isso não orienta
nem multa os porcos urbanos, que já foram apelidados de Porcolinos e que tomaram conta da cidade. Não são muitos
mas são muito ativos e ciosos de seus direitos de emporcalhar a cidade.
E o poder público, pela sua leniência e desinteresse
com a cidade principalmente nas áreas de periferia que não afeta os olhares
sensíveis das elites que mandam e desmandam nesta cidade, fica totalmente
apático. Algumas vezes ele mesmo é o agente emporcalhador.
Vamos dar um exemplo:
Obra da CDHU na av. dos Andradas para refazer o sistema
de drenagem das águas pluviais. Foram feitas escavações e trocas de solo. Onde foram
jogados os residuos? Ao lado e em cima do interceptor de esgotos, na vila
Guiomar, margem esquerda do ribeirão
Preto. Mais especificamente na R. Raphael de Leo, entre a R. Joaquim
Franscisco Galeano e a av. Luzitana.
Onde deveria – e é obrigatório por lei municipal –
proceder-se a uma destinação adequada dos solos descartados, tivemos apenas um
bota-fora numa obra fiscalizada por uma empresa estatal do governo do estado
(CDHU) e com a omissão da entidade responsável pela cidade: a prefeitura
municipal!
Como não podia deixar de ser, logo os Porcolinos
começaram a lançar os seus lixos e entulhos. Alguns moradores, desconhecendo os
“direitos inalienáveis dos Porcolinos de emporcalharem a cidade”, reclamaram
aos proprios e foram ameaçados. Uma vez com um facão, em outra oportunidade com
tentativa de agressão fisica que requereu contenção mas sempre com agressão e
ameaça verbais.
É assim que Ribeirão trata a sua propria cidade.
Enquanto os visitantes limpam o que sujam, alguns naturais aproveitam e sujam a
sua propria cidade e ainda se arrogam ao direito de fazê-lo, principalmente em
áreas públicas que são de ninguém. E sem medo de nada porque sabem que nada
lhes acontecerá nem mesmo uma multazinha.
E a prefeitura?
A prefeitura representa as “elites” locais. Os
franceses da seleção da copa estão aí. O puxasaquismo dessas elites foi tão
evidente e ridicula que os jornalistas franceses, no jornal Le Monde referem-se
a elas como “Uma grande elite
burguesa provinciana, industrializada e de negócios" (http://folha.com/no1470514)
Com uma prefeitura dessas, junto
com essas “elites provincianas e burguesas”, somando-se a desintegração
programada e bem executada das ações da sociedade civil que perdeu todo o seu
vigor, deixando-se domesticar, não é de se admirar que a cidade esteja no caos
em que se encontra.
Os cidadãos que não moram nas áreas nobres estão completamente
indefesos e à mercê dos porcolinos. E não só deles.
Precisamos fazer alguma coisa porque 2016 ainda está longe.
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