Páginas

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Declarações do ex-gerente do CDHU

A nossa leitora fez uma pilhéria com algumas declarações polêmicas do ex-gerente regional da CDHU. Como sempre, o Movimento não deixa de comentar todas as mensagens que recebe.

Para isso, usaremos o texto da noticia publicada no jornal Gazeta de Ribeirão do dia 11/01/2012, que deu voz às reclamações dos novos e “felizardos” moradores das casas feitas para os ex-favelados, os quais, na opinião técnica das autoridades (depois desmentidas) têm problemas de nível educacional e não sabem usar casas, já que os problemas apontados foram provocados pelos moradores, devido ao mau uso,  como pode ser visto no extrato da reportagem abaixo..


Uma semana após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) entregar 232 casas no conjunto Habitacional  Paulo Gomes Romeo para moradores da extinta Favela da Mata, os imóveis apresentam  rachaduras nas paredes e no piso, vazamentos e infiltrações.

Em uma das casas, o piso do banheiro chegou a rachar, depois que a moradora pisou. “Minha esposa foi entrar no banheiro logo quando mudamos e o piso simplesmente rachou”, afirmou Clodoaldo Marques.

Os problemas também bateram à porta da faxineira desempregada Neide Justino, 37 anos.

Ela se mudou da Favela da Mata com os seis filhos há oito dias e sofre com uma infiltração no teto da residência, além de ter recebido a casa com o tanque entupido e as portas sem maçaneta. “Cheguei a reclamar, dois técnicos vieram aqui,mas até agora nada foi feito. Minha casa está aberta”, lamentou.(Gazeta de Ribeirão 11/01/2012)

Não podemos contestar essas opiniões técnicas: o piso do banheiro rachou porque a moradora não sabe caminhar com educação; rachaduras nas paredes não é problema de construção mas sim porque o morador deve ter-se encostado nela. Vazamentos e infiltrações deve-se, é claro, porque abrem o registro do cavalete para terem acesso à água.

Este conceito não é exclusivo de um ex-gerente. É o conceito padrão de todas as hierarquias dos governos.  Para eles, favelado é uma “coisa” que se tira de um lado e se coloca em outro.  Por isso as palavras do ex-gerente não representam uma opinião pessoal mas sim de classe social. A crueza da verbalização é que obrigou os altos escalões a desmentirem aquilo em que eles também acreditam.

Na verdade, pelo código do Consumior e pelas normas adotadas inclusive pelo Sinduscon, todo o imóvel deve ser entregue após uma vistoria e o moradr deve receber um manual de uso do imóvel, indicando inclusive onde pode e não pode fazer furinhos para pendurar quadros e cabides, sem acertar um cano de água ou uma fiação elétrica. E isso não foi feito.

Por outro lado, o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo não foi o primeiro a ser construído pela CDHU para abrigar ex-favelados, logo, presume-se que os fatos e reclamações não são inéditos e, se eles “os técnicos sábios” sabem que essas pessoas têm dificuldade de se adaptarem ao uso de uma casa, então deveram tê-los ensinado antes. Não o fazendo e afirmando que é um problema de nível educacional, simplesmente estão confessando que são omissos em suas obrigações.

E isso é muito mais grave do que as declarações do ex-gerente regional.

Para terminar, mesmo que a pia da cozinha estivesse sendo utilizada para outra atividade, conforme foi sugerida pelo entrevistado, uma coisa temos que admitir: a pia é realmente muito fraca.


Resposta ao Sr Milton Vieira (em preto)...

...“A gente conhece o nível de educação (dos moradores)... O pessoal veio da favela. Não está acostumado a morar em casa... e insinuou que a pia havia quebrado por conta de relações sexuais em cima da peça. Declaração de Milton Vieira – gerente regional do CDHU- Ribeirão Preto.


A jovem senhora chorava desesperadamente sem parar, nada nem ninguém conseguia acalmá-la.
Até que uma vizinha disse:
_ “Você devia fazer um B.O., vai lá na delegacia e denuncia esse absurdo,
_” será? Se num acha que eu vou passar vergonha?”
_ que nada minha amiga! O que não pode é vc ficar chorando desse jeito...
_ Vou pensar...
E assim passou o resto da manhã pensando e chorando, até que tomou uma decisão:
_eu vou! Já tá todo mundo sabendo mesmo...
Se arrumou e foi ao posto policial mais próximo.
_ Quero fazer uma denúncia
_ Sim senhora, senta aí e espera
Esperou, chorou, suspirou, pensou em desistir, e quando já ia levantando pra ir embora foi chamada.
_ Senta aqui, qual é a queixa?
_ eu quero fazer uma queixa contra a prefeitura que entregou esses casas prá gente que morava lá na favela.
_ E qual o motivo?
_” olha eu vou contar a minha estória que é pro senhor entender, se eu começar a chorar o senhor não liga não, mas é que eu tô muito revoltada com tudo isso.”
_ Pode começar...
_ “ eu cresci na favela, dividindo barraco com mais oito, conheci meu marido lá mesmo, a gente se casou e continuamos nessa vida dura de enchente, de não ter nosso canto, até que agora veio essas casas e tiraram a gente de lá,
Eu quase não acreditei que ia ter uma vida nova, com casa de verdade, poder cuidar, ter jardim, quintal, essas coisas que a gente acha que todo mundo deve ter,”
_ Sim, mas qual é a queixa senhora?
_” Peraí que eu já chego lá. Sabe a gente que é mulher e assiste essas coisas românticas na televisão tem vontade de fazer também, quando eu era mais nova, assisti um filme, desse americanos, que a mocinha é todo linda e loira, e ela e o mocinho tem uma cena que eles fazem as coisas em cima da pia.
_ Que coisas?
_ Essas coisas assim de namorar, sabe como é?
_ Sei, sim senhora
_ Pois é, aí eu falei pro meu marido, já posso realizar meu sonho...
As lágrimas desciam, e ela não conseguia mais falar...
_ Vai, minha senhora termina sua estória, eu não tenho o dia todo não.
_ Aí doutor a pia quebrou...
_ porque que é que só os ricos podem fazer essas coisas, e até filmar, a gente que é pobre tem que  se contentar com essas porcarias de casa que quebra tudo?
Desse jeito nem meu casamento vai aguentar, pode uma coisas dessas?

  

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Declaração sobre nível educacional de ex-moradores de favelas faz Diretor de CDHU deixar cargo

Resposta ao Sr Milton Vieira (em preto)...

...“A gente conhece o nível de educação (dos moradores)... O pessoal veio da favela. Não está acostumado a morar em casa... e insinuou que a pia havia quebrado por conta de relações sexuais em cima da peça. Declaração de Milton Vieira – gerente regional do CDHU- Ribeirão Preto.


A jovem senhora chorava desesperadamente sem parar, nada nem ninguém conseguia acalmá-la.
Até que uma vizinha disse:
_ “Você devia fazer um B.O., vai lá na delegacia e denuncia esse absurdo,
_” será? Se num acha que eu vou passar vergonha?”
_ que nada minha amiga! O que não pode é vc ficar chorando desse jeito...
_ Vou pensar...
E assim passou o resto da manhã pensando e chorando, até que tomou uma decisão:
_eu vou! Já tá todo mundo sabendo mesmo...
Se arrumou e foi ao posto policial mais próximo.
_ Quero fazer uma denúncia
_ Sim senhora, senta aí e espera
Esperou, chorou, suspirou, pensou em desistir, e quando já ia levantando pra ir embora foi chamada.
_ Senta aqui, qual é a queixa?
_ eu quero fazer uma queixa contra a prefeitura que entregou esses casas prá gente que morava lá na favela.
_ E qual o motivo?
_” olha eu vou contar a minha estória que é pro senhor entender, se eu começar a chorar o senhor não liga não, mas é que eu tô muito revoltada com tudo isso.”
_ Pode começar...
_ “ eu cresci na favela, dividindo barraco com mais oito, conheci meu marido lá mesmo, a gente se casou e continuamos nessa vida dura de enchente, de não ter nosso canto, até que agora veio essas casas e tiraram a gente de lá,
Eu quase não acreditei que ia ter uma vida nova, com casa de verdade, poder cuidar, ter jardim, quintal, essas coisas que a gente acha que todo mundo deve ter,”
_ Sim, mas qual é a queixa senhora?
_” Peraí que eu já chego lá. Sabe a gente que é mulher e assiste essas coisas românticas na televisão tem vontade de fazer também, quando eu era mais nova, assisti um filme, desse americanos, que a mocinha é todo linda e loira, e ela e o mocinho tem uma cena que eles fazem as coisas em cima da pia.
_ Que coisas?
_ Essas coisas assim de namorar, sabe como é?
_ Sei, sim senhora
_ Pois é, aí eu falei pro meu marido, já posso realizar meu sonho...
As lágrimas desciam, e ela não conseguia mais falar...
_ Vai, minha senhora termina sua estória, eu não tenho o dia todo não.
_ Aí doutor a pia quebrou...
_ porque que é que só os ricos podem fazer essas coisas, e até filmar, a gente que é pobre tem que  se contentar com essas porcarias de casa que quebra tudo?
Desse jeito nem meu casamento vai aguentar, pode uma coisas dessas?


domingo, 29 de janeiro de 2012

Encaminhamentos do Caio e Raquel: Solidariedade a Pinheirinho

01 - Raquel Bencsik Montero

Mensagem encaminhada ----------
Data: 27 de janeiro de 2012 17:29
Assunto: Ação no Pinheirinho viola direitos, diz relatora da ONU



Raquel Bencsik Montero raquelbencsik@ig.com.br

E vcs repararam no nome dela; Márcia MATHEY Loureiro

O nome justifica ou ela justifica o nome?

assunto:   ENTREVISTA DA JUIZA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS QUE ACHOU O OPERAÇÃO PINHEIRINHO UM SUCESSO!!


02 - EDITORIAL DO OPINIÃO SOCIALISTA 437

        Reprodução
       
                Capa do Opinião Socialista 437


• Domingo, 22 de janeiro, seis horas da manhã. Essa data vai ficar marcada na memória dos ativistas de todo o país como mais um símbolo da violência do Capital contra os trabalhadores pobres. A desocupação do Pinheirinho por dois mil soldados da PM, ordenada por Alckmin, governador de São Paulo, se junta `a repressão violenta de Eldorado dos Carajás e Corumbiara, em que camponeses foram assassinados por tropas enviadas por governos do PSDB.

Sabendo que haveria uma forte reação dos moradores do Pinheirinho, Alckmin resolveu passar por cima da resolução da Justiça Federal para pegar o movimento de surpresa. A truculência da polícia e o desrespeito `a decisão da justiça federal demonstram, mais uma vez, que o Estado burguês é uma ditadura a serviço do Capital.

As inúmeras imagens que circulam pela internet, com depoimentos dos moradores e cenas da ação da polícia, desmentem a farsa do PSDB de uma desocupação “pacífica”.

Existiram muitos feridos, a começar pelo próprio secretário de Habitação do governo federal, Paulo Maldos, ferido por balas de borracha. Toninho Ferreira, advogado dos moradores e militante do PSTU, também foi atingido por quatro balas de borracha. Há relatos da OAB e de moradores sobre mortos que não podem ser confirmados devido ao controle ditatorial das informações nos hospitais e no Pinheirinho.

De um lado, a face sorridente de Naji Nahas, o bilionário bandido que vai usar esse terreno para suas maracutaias financeiras. Do outro, os rostos desesperados dos pais e mães que vêem suas casas serem derrubadas pelos tratores da prefeitura do PSDB. O PSDB, do governo do estado e da prefeitura, vai ficar manchado para sempre por essa indignidade. Em cada oportunidade em que Alckmin e Cury aparecerem em público, o grito de “assassino” vai surgir.

Luta vai se enfrentar com a repressão

A luta do Pinheirinho é um emblema do início de 2012. Existe uma estabilidade econômica e política no país, mas as lutas estão crescendo. O ano passado foi marcado por grandes greves de trabalhadores em metalúrgicos, da construção civil, bancários, dos correios e do funcionalismo público. No início de 2012, antes mesmo do período das greves sindicais, a resistência do Pinheirinho é o centro em uma série de lutas populares como os movimentos contra o aumento das passagens em Teresina (PI), Recife (PE) e Vitória (ES). Esse ano, com o início dos reflexos da crise econômica sobre o Brasil – ainda sem recessão no país- os conflitos tendem a ficar mais duros e radicalizados.

Em todos esses movimentos houve uma séria repressão policial, mostrando que o aumento das lutas vem encontrando uma resposta no aumento do autoritarismo. Tanto em Pernambuco, como no Piauí e Espírito Santo os governos dos estados são do PSB (Eduardo Campos, Wilson Martins, Renato Casagrande), mostrando como a reação da burguesia tem sido semelhante, o que inclui partidos da base do governo federal.

A repressão é uma séria ameaça contra todos os movimentos sociais, sejam eles sindicais, estudantis ou populares. Não existem conquistas asseguradas, caso se legitime a violência policial. É muito importante que o conjunto das entidades, incluindo as governistas, como CUT, UNE e MST, se unam em defesa do Pinheirinho e contra a repressão a todos os movimentos.

Dilma tem que desapropriar o terreno do Pinheirinho
O PT se manifestou contra a violenta reintegração de posse promovida pelo PSDB no Pinheirinho. Isso é muito importante, mas não basta.

O governo Dilma tem o poder de Estado no país, além de um amplo apoio entre os trabalhadores. Pode desapropriar o terreno do Pinheirinho para resolver o gravíssimo problema social criado para duas mil famílias.

Por que Dilma ainda não desapropriou o terreno do Pinheirinho? O PT não pode atuar desconhecendo que está no governo federal e tem responsabilidade pela resolução da situação.

Chamamos todos os movimentos sociais a se unirem conosco na exigência que Dilma para desaproprie o terreno do Pinheirinho e dê uma saída para a situação.

O movimento de solidariedade tem de se ampliar

O apoio à luta dos moradores do Pinheirinho é muito grande, tanto no Brasil como em nível internacional. Foram feitos atos nas principais cidades do país, contando com um amplo apoio de entidades sindicais, estudantis e populares das mais variadas orientações políticas, a começar pela CSP-Conlutas, mas abrangendo CUT e MST. Em termos partidários, o PSTU esteve no centro da resistência, mas o leque dos partidos no apoio envolveu PT, PSOL, PCB e PCdoB. Artistas utilizaram seus palcos para declarar seu apoio ao movimento.

Em nível internacional, houve declarações de entidades do movimento e personalidades de todo o mundo – como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. O movimento Ocupem Wall Street declarou seu apoio ao Pinheirinho. Houve atos em frente a diversas embaixadas brasileiras.

Agora, é hora do movimento se ampliar em todos os sentidos. É preciso que se realizem novos atos, agora com maior preparação e participação. E que todos se somem a denuncia da repressão do governo Alckmin, assim como na exigência de que Dilma desaproprie o terreno do Pinheirinho.

Além disso, é necessário garantir solidariedade aos moradores despejados. Neste momento, nem a prefeitura nem o governo de estado garantem o alojamento nem a alimentação dos moradores. Isso só agrava o quadro de desespero de duas mil famílias sem ter para onde ir nem comer.

A CSP-Conlutas abriu uma conta para a qual devem ser enviadas as doações de solidariedade ao movimento: Banco do Brasil Agência: 4223-4 Conta Corrente: 8908-7 Central Sindical e Popular Conlutas.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Encaminhamentos da Maria Silvia

De:   MARIA SILVIA RUTIGLIANO ROQUE
data: 28 de janeiro de 2012 18:14
assunto:   JUIZA E O PINHEIRINHO

OLÁ PESSOAL,


ASSISTAM O ENTREVISTA DA JUIZA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS QUE ACHOU O OPERAÇÃO PINHEIRINHO UM SUCESSO!!

MARIA SÍLVIA


http://youtu.be/NtupI-OpCGY


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Terror imobiliário ou a expulsão dos pobres do centro de São Paulo


Ermínia Maricato: Os motivos para o “terror imobiliário”

CIDADES BRASILEIRAS
Terror imobiliário ou a expulsão dos pobres do centro de São Paulo

O modelo é contra os pobres que estão longe de constituírem minoria em nossa sociedade. O modelo quer os pobres fora do centro de São Paulo. Isso é óbvio. O que não parece ser óbvio é que, em última instância, a determinação disso tudo é econômica. A centralidade é a produção do espaço urbano e a mola propulsora, a renda imobiliária. E depois dizem que Marx está morto.

Ermínia Maricato, na Carta Maior

Dificilmente, durante nossa curta existência, assistiremos disputa mais explícita que esta, que opõe prefeitura e Câmara Municipal de São Paulo (além do governo estadual), que representam os interesses do mercado imobiliário, contra os moradores e usuários pobres, pelo acesso ao centro antigo de São Paulo.
Trata-se do único lugar na cidade onde os interesses de todas as partes (mercado imobiliário, prefeitura, Câmara Municipal, comerciantes locais, movimentos de luta por moradia, moradores de cortiços, moradores de favelas, recicladores, ambulantes, moradores de rua, dependentes químicos, e outros) estão muito claros, e os pobres não estão aceitando passivamente a expulsão.
No restante da cidade, como em todas as metrópoles brasileiras, um furacão imobiliário revoluciona bairros residenciais e até mesmo as periferias distantes, empurrando os pobres para além dos antigos limites, insuflado pelos recursos do Minha Casa Minha Vida no contexto de total falta de regulação fundiária/imobiliária ou, em outras palavras, de planejamento urbano por parte dos municípios.

A especulação corre solta, auxiliada por políticas públicas que identificam valorização imobiliária como progresso.
Ao contrário do silêncio (ou protestos pontuais) que acompanha essa escandalosa especulação que, a partir de 2010, levou à multiplicação dos preços dos imóveis, em todo o país, no centro de São Paulo, foi deflagrada uma guerra de classes.

Não faltaram planos para recuperar o centro tradicional de São Paulo. Desde a gestão do prefeito Faria Lima, vários governos defenderam a promoção de moradia pública na região. Governos tucanos apostaram em estratégias de distinção local por meio de investimento na cultura (como demonstraram muitos trabalhos acadêmicos) Vários museus, salas de espetáculo, centros culturais, edifícios históricos, foram criados ou renovados.

No entanto, o mercado imobiliário nunca respondeu ao convite dos diversos governos, de investir na região, seja para um mercado diferenciado, seja para habitação social como pretenderam os governos Erundina e Marta.

Outras localizações (engendradas pelas parcerias estado/capital privado, como demonstrou Mariana Fix) foram mais bem sucedidas como foi o caso da região Berrini/Águas Espraiadas. Outro fator que inibiu a entrada mais decisiva dos empreendedores no centro foi a reduzida dimensão dos terrenos.

O mercado imobiliário busca terrenos amplos que permitam a construção de uma ou de várias torres- clube, padrão praticamente generalizado atualmente no Brasil.

Finalmente, há os pobres – com toda a diversidade já exposta – cuja proximidade desvaloriza imóveis novos ou reformados, coerentemente com os valores de uma sociedade que além de patrimonialista (e por isso mesmo) está entre as mais desiguais do mundo.

Aceita-se que os pobres ocupem até áreas de proteção ambiental: as Áreas de Proteção dos Mananciais (são quase 2 milhões de habitantes apenas no sul da metrópole), as encostas do Parque Estadual da Serra do Mar, as favelas em áreas de risco, mas não se aceita que ocupem áreas valorizadas pelo mercado, como revela a atual disputa pelo centro.

Enquanto os planos das várias gestões municipais para o centro não deslancharam (leia-se: não interessaram ao mercado imobiliário), os serviços públicos declinaram (o acúmulo de lixo se tornou regra), num contexto já existente de imóveis vazios e moradia precária.

O baixo preço do metro quadrado afastou investidores e, mais recentemente, nos últimos anos… também o poder público. Nessa área assim “liberada” e esquecida pelos poderes públicos, os dependentes químicos também se concentraram. No entanto a vitalidade do comércio na região, que inclui um dos maiores centros de venda de computadores e artigos eletrônicos da América Latina, não permite classificar essa área como abandonada, senão pelo falta de serviços públicos de manutenção urbana e políticas sociais.

Frente a isso, a gestão do prefeito Kassab deu continuidade ao projeto NOVA LUZ, iniciado por seu antecessor, José Serra, e vem se empenhando em retirar os obstáculos que afastam o mercado imobiliário de investir na área. Estão previstos a desapropriação de imóveis em dezenas de quadras e o remembramento dos lotes para constituírem grandes terrenos de modo a viabilizar a entrada do mercado imobiliário.

A retomada de recursos de financiamento habitacional com o MCMV, após praticamente duas décadas de baixa produção, muda completamente esse quadro. Os novos lançamentos do mercado imobiliário passam a cercar a região. Vários bairros vizinhos, como a Barra Funda, apresentam um grande número de galpões vazios em terrenos de dimensões atraentes. A ampliação de outro bairro vizinho, Água Branca, vai se constituir em um bairro novo .

Finalmente, o mercado imobiliário e a prefeitura lançam informalmente a ideia de uma fantástica operação urbana que irá ladear a ferrovia começando no bairro da Lapa e estendendo-se até o Brás. O projeto inclui a construção de vias rebaixadas.

Todos ficam felizes: empreiteiras de construção pesada, mercado imobiliário, integrantes do executivo e legislativo (que garantem financiamento para suas campanhas eleitorais) e a classe média que ascendeu ao mercado residencial com os subsídios.

O Projeto Nova Luz parece ser a ponta de lança dessa gigantesca operação urbana.

Mas ainda resta um obstáculo a ser removido: os pobres que se apresentam sobre a forma de moradores dos cortiços, moradores de favelas, dependentes de droga, moradores de rua, vendedores ambulantes… Com eles ali, a taxa de lucro que pode ser obtida na venda de imóveis não compensa.
Algumas ações não deixam dúvida sobre as intenções de quem as promove. Um incêndio, cujas causas são ignoradas, atingiu a Favela do Moinho, situada na região central ao lado da ferrovia. Alguns dias depois, numa ação de emergência, a prefeitura contrata a implosão de um edifício no local sob alegação do risco que ele podia oferecer aos trens que passam ali (enquanto os moradores continuavam sem atendimento, ocupando as calçadas da área incendiada).

Em seguida os dependentes químicos são literalmente atacados pela polícia sem qualquer diálogo e sem a oferta de qualquer alternativa. (Esperavam que eles fossem evaporar?).

Alguns dias depois vários edifícios onde funcionavam bares, pensões, moradias, são fechados pela prefeitura sob alegação de uso irregular. (O restante da cidade vai receber o mesmo tratamento? Quantos usos ilegais há nessa cidade?).

O centro de São Paulo constitui uma região privilegiada em relação ao resto da cidade. Trata-se do ponto de maior mobilidade da metrópole, com seu entroncamento rodo-metro- ferroviário. A partir dali, pode-se acessar qualquer ponto da cidade o que constitui uma característica ímpar se levarmos em conta a trágica situação dos transportes coletivos.

 Trata-se ainda do local de maior oferta de emprego na região metropolitana. Nele estão importantes museus e salas de espetáculo, bem como universidades, escolas públicas, equipamentos de saúde, sedes do judiciário, órgãos governamentais.

Apenas para dar uma ideia da expectativa em relação ao futuro da região está prevista ali uma Escola de Dança, na vizinhança da Sala São Paulo, cujo projeto, elaborado por renomados arquitetos suíços – autores do arena esportiva chinesa “Ninho de Pássaro” – custou a módica quantia de R$ 20 milhões de acordo com informações da imprensa. É preciso lembrar ainda que infraestrutura local é completa: iluminação pública, calçamento, pavimentação, água e esgoto, drenagem como poucas localizações na cidade.

Trata-se de um patrimônio social já amortizado por décadas de investimento público e privado. A disputa irá definir quem vai se apropriar desse ativo urbano e com que finalidade. A desvalorização de tal ambiente é um fenômeno estritamente ou intrinsecamente capitalista, como já apontou David Harvey analisando outros processos de “renovação” de centros de cidades americanas.
A luta pela Constituição Federal de 1988 e a regulamentação de seus artigos 182 e 183, que gerou o Estatuto da Cidade, se inspirou, em parte, na possibilidade de utilizar imóveis vazios em centros urbanos antigos para moradia social. Nessas áreas ditas “deterioradas” está a única alternativa dos pobres vivenciarem o “direito à cidade” pois de um modo geral, eles são expulsos para fora da mesma. Executivos e legislativos evitam aplicar leis tão avançadas.

 O judiciário parece esquecer-se de que o direito à moradia é absoluto em nossa Carta Magna enquanto que o direito à propriedade é relativo, à função social. (Escrevo essas linhas enquanto decisão judicial autorizou o despejo –que se fez de surpresa e de forma violenta- de mais de 1.600 famílias de uma área cujo proprietário – Naji Nahas – deve 15 milhões em IPTU, ao município de São José dos Campos.

Antes de mais nada, é preciso ver se ele era mesmo proprietário da terra, já que no Brasil, a fraude registraria de grandes terrenos é mais regra que exceção, e depois verificar se ela estava ou não cumprindo a função social).
É óbvio, que o caso que nos ocupa aqui mostra a falta de compaixão, de solidariedade, de espírito público. Crianças moram em péssimas condições nos cortiços, em cômodos insalubres, dividem banheiros imundos com um grande número de adultos (quando há banheiros).

Com os despejos violentos são remetidas para uma condição ainda pior de moradia pelo Estado que , legalmente, deveria responder pela solução do problema. Num mundo com tantas conquistas científicas e tecnológicas, dependentes químicos são tratados com balas de borracha e spray de pimenta para se dispersarem.

 Um comércio dinâmico, formado por pequenas empresas e ambulantes, que poderia ter apoio para a sua legalização, organização e inovação é visto como atrasado e indesejável. O modelo perseguido é o do shopping center, o monopólio, e não o pequeno e vivo comércio de rua ou o boteco da esquina.

O modelo é contra os pobres que estão longe de constituírem minoria em nossa sociedade. O modelo quer os pobres fora do centro como anunciou o jornal Brasil de Fato. Tudo isso é óbvio. O que não parece ser óbvio é que, em última instância, como diria Althusser, a determinação disso tudo é econômica. 
A centralidade é a produção do espaço urbano e a mola propulsora, a renda imobiliária. 
E depois dizem que Marx está morto.

Ermínia Maricato é urbanista.

Encaminhamentos do Caio, da Raquel (Tragédia em Pinheirinho) e Maria Silvia (Olha aí a Vale)

de:   Caio Cristiano caiocristiano@yahoo.com.br
data: 27 de janeiro de 2012 19:16

Assunto: CSP-Conlutas lança Campanha de apoio financeiro aos moradores do Pinheirinho

Campanha de apoio financeiro urgente!
Banco do Brasil
Agência: 4223-4
Conta Corrente: 8908-7
Central Sindical e Popular Conlutas

A CSP-Conlutas e as demais entidades não vão abrir mão de exigir dos governos que garantam condições dignas para as famílias desalojadas do Pinheirinho. Entretanto, temos acompanhado a situação alarmante em que se encontram os moradores  abrigados  em locais sem  infraestrutura. As casas dessas pessoas estão sendo demolidas com seus pertences dentro, num ato de total vandalismo e irresponsabilidade por parte da prefeitura.

Diante dos fatos, a CSP-Conlutas está lançando uma Campanha de Solidariedade Urgente ao Povo do Pinheirinho. A CSP-Conlutas Nacional centralizará as doações por meio de sua conta  bancária para  as entidades que queiram ajudar financeiramente. Além disso, esta campanha consistirá  também na arrecadação de alimentos, roupas, remédios e material de higiene.

A Central, através de algumas entidades filiadas, já arrecadou emergencialmente até o momento cerca de R$ 50 mil, o que é muito pouco diante das necessidades dessas famílias.  Por isso é importante que todas as entidades e  sindicatos filiados contribuam  com a campanha financeira.

Ajuda financeira se faz necessária - Cerca de 1 mil moradores do Pinheirinho se refugiaram na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Colonial. Os homens estão do lado de fora, no relento. O padre liberou a parte interna para as mulheres e crianças. E a comunidade local está ajudando com alimentos. Não há colchonetes, material de higiene, remédios, roupas e alimentos suficientes.

Os demais centros para onde a prefeitura enviou uma pequena parte de moradores também são precários e as pessoas seguem sem informação e orientação da prefeitura. Em abrigos improvisados, como na Quadra Poliesportiva  da região, não tem água para beber e nem tampouco nos banheiros existentes.

As crianças choram de fome porque o leite só é entregue pela prefeitura uma vez por dia e não é suficiente. Durante a desocupação, a população do Pinheirinho teve que sair de suas casas apenas com a roupa do corpo. Tem relatos de pessoas que estão passando mal por que não tiveram tempo sequer de pegar os medicamentos de uso contínuo.

Se do Governo estadual e municipal do PSDB prevaleceram a violência, a irresponsabilidade e a omissão, vamos demonstrar que de nossa parte não faltarão ações de solidariedade.

Este povo, que neste momento caiu, poderá se levantar com a nossa ajuda!
Moara Fernandes
Secretaria Nacional  CSP-Conlutas
www.cspconlutas.org.br
(11) 3107-7984

_____________________________________________________ 

Editorial: Ampliar a solidariedade ao Pinheirinho!

É preciso denunciar o assassino Alckmin. Dilma: o movimento exige que o governo federal desaproprie o terreno



                Capa do Opinião Socialista 437


• Domingo, 22 de janeiro, seis horas da manhã. Essa data vai ficar marcada na memória dos ativistas de todo o país como mais um símbolo da violência do Capital contra os trabalhadores pobres. A desocupação do Pinheirinho por dois mil soldados da PM, ordenada por Alckmin, governador de São Paulo, se junta `a repressão violenta de Eldorado dos Carajás e Corumbiara, em que camponeses foram assassinados por tropas enviadas por governos do PSDB.

Sabendo que haveria uma forte reação dos moradores do Pinheirinho, Alckmin resolveu passar por cima da resolução da Justiça Federal para pegar o movimento de surpresa. A truculência da polícia e o desrespeito `a decisão da justiça federal demonstram, mais uma vez, que o Estado burguês é uma ditadura a serviço do Capital.

As inúmeras imagens que circulam pela internet, com depoimentos dos moradores e cenas da ação da polícia, desmentem a farsa do PSDB de uma desocupação “pacífica”.

Existiram muitos feridos, a começar pelo próprio secretário de Habitação do governo federal, Paulo Maldos, ferido por balas de borracha. Toninho Ferreira, advogado dos moradores e militante do PSTU, também foi atingido por quatro balas de borracha. Há relatos da OAB e de moradores sobre mortos que não podem ser confirmados devido ao controle ditatorial das informações nos hospitais e no Pinheirinho.

De um lado, a face sorridente de Naji Nahas, o bilionário bandido que vai usar esse terreno para suas maracutaias financeiras. Do outro, os rostos desesperados dos pais e mães que vêem suas casas serem derrubadas pelos tratores da prefeitura do PSDB. O PSDB, do governo do estado e da prefeitura, vai ficar manchado para sempre por essa indignidade. Em cada oportunidade em que Alckmin e Cury aparecerem em público, o grito de “assassino” vai surgir.

Luta vai se enfrentar com a repressão

A luta do Pinheirinho é um emblema do início de 2012. Existe uma estabilidade econômica e política no país, mas as lutas estão crescendo. O ano passado foi marcado por grandes greves de trabalhadores em metalúrgicos, da construção civil, bancários, dos correios e do funcionalismo público. No início de 2012, antes mesmo do período das greves sindicais, a resistência do Pinheirinho é o centro em uma série de lutas populares como os movimentos contra o aumento das passagens em Teresina (PI), Recife (PE) e Vitória (ES). Esse ano, com o início dos reflexos da crise econômica sobre o Brasil – ainda sem recessão no país- os conflitos tendem a ficar mais duros e radicalizados.

Em todos esses movimentos houve uma séria repressão policial, mostrando que o aumento das lutas vem encontrando uma resposta no aumento do autoritarismo. Tanto em Pernambuco, como no Piauí e Espírito Santo os governos dos estados são do PSB (Eduardo Campos, Wilson Martins, Renato Casagrande), mostrando como a reação da burguesia tem sido semelhante, o que inclui partidos da base do governo federal.

A repressão é uma séria ameaça contra todos os movimentos sociais, sejam eles sindicais, estudantis ou populares. Não existem conquistas asseguradas, caso se legitime a violência policial. É muito importante que o conjunto das entidades, incluindo as governistas, como CUT, UNE e MST, se unam em defesa do Pinheirinho e contra a repressão a todos os movimentos.

Dilma tem que desapropriar o terreno do Pinheirinho
O PT se manifestou contra a violenta reintegração de posse promovida pelo PSDB no Pinheirinho. Isso é muito importante, mas não basta.

O governo Dilma tem o poder de Estado no país, além de um amplo apoio entre os trabalhadores. Pode desapropriar o terreno do Pinheirinho para resolver o gravíssimo problema social criado para duas mil famílias.

Por que Dilma ainda não desapropriou o terreno do Pinheirinho? O PT não pode atuar desconhecendo que está no governo federal e tem responsabilidade pela resolução da situação.

Chamamos todos os movimentos sociais a se unirem conosco na exigência que Dilma para desaproprie o terreno do Pinheirinho e dê uma saída para a situação.

O movimento de solidariedade tem de se ampliar
O apoio à luta dos moradores do Pinheirinho é muito grande, tanto no Brasil como em nível internacional. Foram feitos atos nas principais cidades do país, contando com um amplo apoio de entidades sindicais, estudantis e populares das mais variadas orientações políticas, a começar pela CSP-Conlutas, mas abrangendo CUT e MST. Em termos partidários, o PSTU esteve no centro da resistência, mas o leque dos partidos no apoio envolveu PT, PSOL, PCB e PCdoB. Artistas utilizaram seus palcos para declarar seu apoio ao movimento.

Em nível internacional, houve declarações de entidades do movimento e personalidades de todo o mundo – como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. O movimento Ocupem Wall Street declarou seu apoio ao Pinheirinho. Houve atos em frente a diversas embaixadas brasileiras.

Agora, é hora do movimento se ampliar em todos os sentidos. É preciso que se realizem novos atos, agora com maior preparação e participação. E que todos se somem a denuncia da repressão do governo Alckmin, assim como na exigência de que Dilma desaproprie o terreno do Pinheirinho.

Além disso, é necessário garantir solidariedade aos moradores despejados. Neste momento, nem a prefeitura nem o governo de estado garantem o alojamento nem a alimentação dos moradores. Isso só agrava o quadro de desespero de duas mil famílias sem ter para onde ir nem comer.

A CSP-Conlutas abriu uma conta para a qual devem ser enviadas as doações de solidariedade ao movimento: Banco do Brasil Agência: 4223-4 Conta Corrente: 8908-7 Central Sindical e Popular Conlutas.


_________________________________________  

De:   Raquel Bencsik Montero raquelbencsik@ig.com.br
data: 27 de janeiro de 2012 10:40
assunto:   

01 -  Ricardo Boechat fala sobre o massacre em Pinheirinho

http://youtu.be/7oAV4fRH5m8
"(...) esse é o padrão moral, o padrão ético e o perfil humano dos políticos e dos governantes brasileiros, e, neste caso, especificamente, do governador Geraldo Alckmin (...)"
"(...) Governador não adianta ir na missa toda semana, rezar, falar com Deus, ler a Bíblia e, ser na prática, no mundo dos homens, alguém que faz isso com o semelhante. Procure na Bíblia, para o senhor ler, a passagem que lhe dá cobertura moral e ética para fazer o que o senhor fez (...)" 

02 -  MPF recorre de sentença que extinguiu ação que responsabilizava município de São José por omissão no caso Pinheirinho


>>> Assessoria de Comunicação PR-SP 1/27/2012 2:32 pm >>>
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DE S. PAULO
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

27/01/12 – MPF recorre de sentença que extinguiu ação que responsabilizava município de São José por omissão no caso Pinheirinho

Apelação pede reforma da sentença no prazo de 48 horas; segundo procurador, moradores estão alojados em “condições precárias”

O Ministério Público Federal em São José dos Campos recorreu da sentença que extinguiu a ação civil pública que pedia a responsabilização do município de São José dos Campos por omissão no caso Pinheirinho. A mesma ação também pedia que as três instâncias federativas – União, Estado e Município – fossem condenados a garantir direito à moradia aos desalojados no caso de cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse do imóvel ocupado.

Na apelação, o procurador da República Angelo Augusto Costa, que há sete anos acompanha a questão por meio de um inquérito civil público, pede que a decisão seja reformada no prazo de 48 horas. Após a reintegração de posse, ele esteve em um dos alojamentos disponibilizados aos desabrigados e constatou as “condições precárias do local”. Um DVD com imagens produzidas no local foi anexado à apelação.

Costa revelou que o MPF pretende “garantir o mínimo indispensável para evitar, no caso concreto, a responsabilidade (inclusive por violação de normas de direito internacional) da República Federativa do Brasil, e seus três componentes básicos (União, Estado e Município), por eventual violação em massa de direitos humanos resultante do cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse na área denominada Pinheirinho”.

O procurador considerou “absolutamente equivocado” o entendimento do juiz federal substituto  Bruno Cezar da Cunha Teixeira que extinguiu a ação em virtude da inexistência de interesse federal no caso. “Não se está discutindo a questão da competência da ação de reintegração de posse, tema que já foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, o qual reconheceu, em decisão liminar emanada pela Presidência do tribunal, a Justiça Estadual como competente”, afirmou.

Ele explicou que a ação “restringe-se à garantia dos direitos fundamentais das pessoas desalojadas, a fim de que lhes sejam prestados os serviços, os benefícios, os projetos e os programas destinados a mitigar os efeitos fáticos, não jurídicos, da decisão da Justiça Estadual”.

Na apelação, o MPF insiste na tese de que houve violação de direito fundamental por parte do poder público municipal, ao negligenciar a área durante sete anos, sob o pretexto de que era irregular. Costa defende a responsabilização objetiva do município. “No caso do Pinheirinho, as provas são abundantes no sentido de que o Poder Público municipal não tomou providência alguma tendente a regularizar, do ponto de vista fundiário e urbanístico, a área, de modo que incorre em responsabilidade civil por omissão, ao causar sério dano ao direito à moradia de milhares de pessoas”.

O maior obstáculo à regularização fundiária do Pinheirinho, segundo a ação, era a legislação municipal que classificava a área como de uso industrial. “Sem a alteração na legislação urbanística municipal das regras de uso e ocupação do solo na área do Pinheirinho, a União e o Estado nem mesmo poderiam dar início a programas habitacionais naquele local”, aponta a apelação.

O MPF, na apelação, insiste que a Justiça Federal determine que município, Estado e União garanta aos desabrigados os seguintes direitos básicos:

(a) o atendimento emergencial, a ser prestado no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), pela União, pelo Estado e pelo Município, obedecidas as competências de cada qual e o princípio, definido na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), do cofinanciamento; 

(b) a inclusão dos desalojados nos programas habitacionais da União, do Estado e do Município, para a garantia futura do direito à moradia; 

(c) a oferta de alojamento temporário, por um ano, às famílias desalojadas e, após um ano, o pagamento de uma indenização mensal correspondente ao valor do aluguel de imóvel semelhante ao que será entregue no âmbito dos respectivos programas habitacionais; 

(d) a garantia de que não haverá interrupção desnecessária ou forçada na vida escolar das crianças e adolescentes que perderão suas casas.


Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Estado de S. Paulo
Mais informações à imprensa: Elaine Martinhão e Marcelo Oliveira
11-3269-5068
ascom@prsp.mpf.gov.br
www.twitter.com/mpf_sp



______________________________________________  

De:   MARIA SILVIA RUTIGLIANO ROQUE
data: 27 de janeiro de 2012 18:40
assunto:    OLHA AÍ A VALE!!

eita pior empresa do mundo em enquete promovida por ONGs

Brasileira ficou a frente da japonesa Tepco, acusada de negligência na segurança dos reatores nucleares que vazaram em Fukushima

iG São Paulo | 27/01/2012 15:52

Foto: Adbusts Ampliar 



Paródia de anúncio da Vale usada na divulgação do prêmio. O texto diz: "transformamos florestas tropicais em minas e barragens, a qualquer custo".

A Vale foi eleita a pior empresa do mundo em respeito à natureza e aos direitos humanos, em votação promovida na internet pelas ONGs Berne Declaration e Greenpeace. De 88 mil votos, a mineradora brasileira ficou com 25 mil, cerca de 800 mais que a segunda colocada, a japonesa Tepco, maior companhia energética de seu país e dona das usinas nucleares de Fukushima, afetadas pelo terremoto e o tsunami de 2011.

Leia também: 


No site de votação, a escolha da companhia brasileira para concorrer ao “Public Eye People’s”, nome da premiação, é justificada por um “histórico de 70 anos manchado por repetidos abusos aos direitos humanos, condições inumanas de trabalho e exploração impiedosa da natureza”. São citadas também a participação da mineradora na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na região amazônica, e impactos sócio ambientais da obra.

Outras concorrentes ao “prêmio”, também conhecido como “Oscar da vergonha”, eram o banco Barclays (Inglês), a mineradora Freeport McMoRan (EUA), a fabricante de equipamentos eletrônicos Samsung (Coreia) e a companhia de sementes e herbicidas Syngenta (Suíça).

Para se defender, a Vale criou um site chamado Vale Esclarece. Nele, procura desconstruir ponto por ponto os argumentos que a levaram a ser indicada e eleita. “A Vale sabe que a aquividade mineradora gera impactos e, por isso, atua de forma a controla-los e reduzi-los”, diz o texto. “Em 2012, a empresa planeja investir US$ 1,65 bilhão em ações socioambientais”.


Universidade Federal -UBA
Sem Vestibular e Sem Mensalidade